Pela primeira vez, as ruas do bairro histórico do Jaraguá sediaram um evento do porte da IX Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Com o tema “Livro Aberto: Leitura, Liberdade e Autonomia”, a Bienal aconteceu nas imediações da Rua Sá e Albuquerque, entre os dias 1º e 10 de novembro. O evento gratuito foi promovido pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) e o Sesc participou com uma programação especial e promoveu oficinas, grupos de trabalho, performances, narrações de histórias, declamações de cordel, saraus, apresentações literomusicais, rodas de leitura, debates e lançamentos de livros.

O espaço Sesc foi instalado no prédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e contou com atividades das 10h às 22h, entre os dias 2 e 9 de novembro. A instituição realizou encontros do público com autores de destaque no cenário nacional e internacional como Cida Pedrosa, Noemi Jaffe, Bráulio Tavares, Juliana Leite, Anabella López (Argentina), entre outros. Também deu espaço para lançamentos de livros de autores alagoanos independentes, como Malu Vilella e Jean Albuquerque.

Segundo estimativa da Coordenação Artístico e Cultural (CARC), do Sesc Alagoas, nos nove dias de atividades, o Espaço Sesc recebeu cerca de 10.500 pessoas, entre alunos, crianças e jovens, escritores, professores e público geral. Como explica o analista em literatura do Sesc Alagoas, Guilherme de Miranda Ramos, “essa heterogeneidade permitiu, justamente, a troca de informações entre os grupos e a partilha do conhecimento. Afinal, éramos uma rede social literária presencial e que se perpetuou nas redes sociais digitais, permitindo ao Sesc, a visibilidade e o fortalecimento do seu compromisso social com a Cultura”.

A escritora Juliana Leite foi a vencedora do Prêmio Sesc de Literatura de 2018, na categoria romance, com a publicação Entre as Mãos (Record, 2018). O livro de estreia também conquistou o troféu de Melhor Romance/Novela da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) neste ano. Atualmente, está em turnê pelo país e realiza palestras em várias unidades do Sesc. Tudo isso começou com a premiação. “Esse ano, eu tive o privilégio de ver que literatura não se faz sozinha. E eu só descobri isso graças ao Prêmio Sesc. A literatura é feita do encontro. Tudo que o Sesc promove na área de literatura não tem nenhuma escala hierárquica, nem teórica. É tudo no embolo, tudo junto. Acredito muito na arte feita dessa forma, no coletivo”, pontuou Juliana.

A poetisa pernambucana Cida Pedrosa realizou uma conferência sobre literatura e resistência seguida de uma dinâmica de escrita com os participantes. “Eu adorei. Trocar [experiências] com pessoas que escrevem é sempre um crescimento. E hoje, eu escrevi junto com os oficineiros e foi uma troca de alegrias e conhecimento. Acho que o Brasil está precisando disso, de a gente chegar junto um do outro, olho no olho, e resistir juntos”, afirmou.

Para Guilherme, a produção do evento foi um desafio realizado por pessoas que nutrem uma relação de afeto com a literatura. “É sempre mais fácil e gratificante trabalhar com gente apaixonada pelo que faz – tanto artistas quanto profissionais do Sesc. Isso fez a diferença. O projeto ganha alma, força e move o mundo ao redor. Por isso, é importante que essa jornada literária tenha continuidade”, disse.