
08/07/2025 às 22h54
Por Sarah Azevedo
O Teatro Jofre Soares recebeu, na noite desta terça-feira (8), o espetáculo “Aptá”, do grupo mineiro Esparrama!, como parte da programação do Palco Giratório 2025. Idealizado e protagonizado pelo dançarino Bernardo Gondim, o espetáculo de dança-teatro aborda, de forma sensível, as relações familiares do artista, entrelaçando sua vivência com o filho Manoel, que está dentro do espectro autista, e a perda recente de seu pai.
Sob direção de Anamaria Fernandes, a montagem estabelece uma ponte poética entre três gerações: avô, pai e filho, traçando um percurso emocional e simbólico através das experiências de comunicação entre eles. Em cena, Gondim traz fragmentos do cotidiano, como o brincar com o filho, interpretado por meio da dança e da linguagem corporal. A trilha sonora de Tiago Macedo é intercalada por silêncios, dialogando com a ausência do avô, que via no silêncio uma oportunidade de contemplação da vida.
O ator e cenógrafo Máximus Almeida, que assistiu ao espetáculo, destacou o caráter simbólico e afetivo da obra: “Achei a apresentação maravilhosa, porque consegui visualizar de fato o processo que ele viveu ao se tornar pai, e como ele registrou isso como uma lição de vida para essa nova vida que chegou. Ele colocou tudo ali, nas pausas, no silêncio. Foi mais do que palavras”.
Sobre o Palco Giratório
Criado em 1998, o Palco Giratório é reconhecido por fomentar a diversidade e a circulação das artes cênicas em todo o território nacional. A cada edição, grupos de todas as regiões do Brasil percorrem diferentes estados, levando ao público espetáculos de circo, dança, teatro e ações formativas. A curadoria do projeto é feita por uma comissão integrada pelos Departamentos Regionais e Polos do Sesc, sob coordenação do Departamento Nacional, assegurando um processo de seleção democrático e representativo.
Sobre a experiência de participar do projeto, Bernardo Gondim comentou: “Tem sido incrível poder viajar com o nosso trabalho e apresentar em tantos lugares para tanta gente. Vamos conhecendo as equipes locais, os diferentes modos de trabalho e as reações do público... Nos bate-papos após as apresentações, surgem perguntas muito interessantes. As pessoas ficam curiosas sobre o cenário, sobre o processo criativo, sobre a minha relação com o Manoel... Essa troca tem sido super rica.”
“Aptá” é resultado de um processo colaborativo que envolveu profissionais de diferentes áreas, como a iluminadora Marina Arthuzzi, a figurinista Thálita Motta, o músico e designer Tiago Macedo, e a assistente de direção Lívia Espírito Santo.
Próximos espetáculos
A temporada do Palco Giratório em Alagoas segue até o dia 24 de julho, com espetáculos em Maceió e Arapiraca, todos com entrada gratuita. “Aptá” ainda será apresentado no Teatro Hermeto Pascoal, em Arapiraca, no dia 10 de julho, às 20h.
Confira a programação:
APTÁ
Grupo Esparrama! (MG) / Gênero: dança/teatro / Classificação: livre
Dia 10/7, às 20h, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)
Por meio de uma narrativa sensível que une dança, teatro, palavra e silêncio, o espetáculo aborda relações familiares no contexto do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Inspirado em vivências pessoais, “Aptá” valoriza o afeto e a escuta como ferramentas de conexão entre gerações.
A FABULOSA HISTÓRIA DO GURI-ÁRVORE
Grupo Fulano Di Tal (MS) / Gênero: teatro-poesia / Classificação: livre
Dia 15/7, às 20h, no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro)
Dia 17/7, às 14h30, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)
Livremente inspirado na obra de Manoel de Barros, o espetáculo celebra a infância por meio da brincadeira, do teatro de animação e de canções autorais. Os irmãos Abílio (Douglas Moreira) e Palmiro (Edner Gustavo) compartilham histórias de quintal, tecendo uma narrativa sensível e poética.
FIANDEIRO DE TEMPOS
Com Coletivo Iluminar (AC) / Gênero: monólogo híbrido experimental / Classificação: livre
Dia 22/7, às 20h, no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro)
Dia 24/7, às 20h, no Teatro Hermeto Pascoal (Sesc Arapiraca)
Este monólogo teatral retrata o modo de vida dos ribeirinhos do Acre, trazendo à cena suas histórias, músicas, crenças e saberes tradicionais. A peça destaca o som do “espanta-cão”, instrumento típico da região, e mergulha nas rezas, benzeduras e na religiosidade católica-popular, elementos centrais da cultura amazônica acreana.