Projeto Circula Artistas RS traz espetáculo do Coletivo GOMPA a Alagoas

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Projeto Circula Artistas RS traz espetáculo do Coletivo GOMPA a Alagoas

Iniciativa do Sesc promove o intercâmbio cultural de artistas gaúchos

06/12/2024 às 07h00

Por Sarah Azevedo

“O todo é maior que a soma das partes?”. A famosa pergunta pode ser vista como um ponto de partida do espetáculo “Frankenstein”, apresentado nessa quinta-feira (5), no Teatro Jofre Soares (Sesc Centro). A peça, inspirada na clássica obra de Mary Shelley, coloca também em foco a dicotomia entre criador e criatura. Essa última, nesta versão, interpretada por uma mulher.

Na produção do Coletivo GOMPA, traça-se um paralelo entre o nascimento da criatura e o nascimento da América Latina: colonizada, fragmentada, e em constante busca por sua identidade e autonomia. Aos poucos, a escolha pelo corpo feminino se revela, pois a criatura, antes subjugada e fruto dos caprichos do criador, vai gradualmente conquistando sua independência e se reconhecendo como sujeito, algo além da mera soma das partes.

A atriz Rayane Góes, que estava na plateia, compartilhou um pouco de sua visão sobre a montagem: “A gente vai pensando sobre a peça e descobrindo diferentes camadas, elaborando aos poucos. O espetáculo é formado por muitos fragmentos. É sobre violência em vários sentidos, sobre a relação com o feminino, sobre nossa história, sobre a perda da memória e a necessidade de resgatá-la”.

O espetáculo aposta na experimentação cênica, misturando teatro, dança, música, artes visuais e audiovisual. No palco, os bailarinos Fabiane Severo e Alexsander Vidaleti dão vida às vozes de Sandra Dani e Elcio Rossini, em uma encenação de Camila Bauer, com textos assinados pela encenadora junto a Pedro Bertoldi e Carina Corá.

A trilha sonora de “Frankenstein é de Álvaro RosaCosta. O cenário, assinado pelo artista visual Elcio Rossini, a iluminação de Ricardo Vivian e os figurinos de Renan Vilas compõem a paisagem visual do espetáculo, que ainda conta com a direção coreográfica de Carlota Albuquerque.

Circula Artistas RS

O espetáculo “Frankenstein” fez três apresentações em Alagoas, duas em Arapiraca, nos dias 3 e 4 de dezembro, e uma em Maceió, realizada ontem, dia 5 de dezembro. A vinda da produção para Alagoas foi viabilizada pelo projeto Circula Artistas RS, uma iniciativa do Sesc Rio Grande do Sul que visa promover a circulação de artistas gaúchos em diversas regiões do país. O projeto tem como objetivo apoiar a retomada do setor cultural após a tragédia climática que atingiu o estado, fomentando o intercâmbio cultural e a disseminação de talentos de diferentes vertentes artísticas.

Camila Bauer, encenadora de “Frankenstein”, falou sobre a importância de iniciativas como essa. “Criar um espetáculo dá um trabalho imenso, e quando surgem projetos como o do Sesc é um respiro, porque é muito difícil circular com um trabalho. Mesmo um trabalho pequeno assim, com apenas duas pessoas em cena e um cenário portátil. Ainda assim é muito difícil. Quem investe para que o trabalho circule e ganhe vida? A gente conta com essas parcerias”, afirmou.

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